As Epistolas Paulinas

Carlos Eduardo Carneiro Costa Hermeto | Formado em Filosofia e graduando em Teologia pelo universidade PUC-RIO.

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São Paulo a partir de seus escritos compôs um verdadeiro tratado teológico. Este não partiu de artigos sistemáticos, mas de cartas dirigidas a comunidades católicas pelas quais se fazia presente pastoralmente nelas. As epístolas nasceram antes mesmo da própria composição final dos evangelhos, elas registram por escritos expressões próprias da comunicação oral, que unem elementos helenísticos e judaicos. As cartas paulinas, revelam o pensamento do Apóstolo e traços de sua biografia, complementam de forma eficaz os dados cronológicos que Lucas nos apresenta em Atos dos Apóstolos. Não foram todas as cartas de Paulo que se conservaram, mas as que chegaram aos tempos hodiernostransmitem consideravelmente a sua doutrina e personalidade. 

A vida de São Paulo ensina a eficácia da μετάνοια produzida pela graça de Cristo. Em Atos conhece-se Saulo como um jovem enviado a Jerusalém para ser confiado a tutela de Gamaliel (At 22,3). Versado no conhecimento do Grego adquirido em tarso, tinha familiaridade com a Septuaginta. É bem provável que São Paulo não teve contato direto com a pregação messiânica, com sua morte e ressureição; mas recebeu posteriormente a luz da fé por revelação. Após ter gastado suas forças para perseguir cristãos, Deus alcança Paulo revelando a ele uma visão espiritual da divindade de Cristo. 

Nesta dinâmica a Apostolo é alcançado pela graça de Cristo, a glória de Jesus ressuscitado o converte. Após este episódio ele abraça a vida do anúncio do evangelho e da configuração a vida de Jesus. De tal modo se empenhou na santidade que, segundo o que comenta S. João Crisostomo se tornou um só com Cristo, “É Cristo que vive em mim” (Gl, 2,20). 

A comunicação epistolar de Paulo é inspirada na greco-romana, servia para expressar sentimentos, teorias e outras finalidades. Três são as partes principais de uma carta, a primeira o praescriptio (nome do remetente, destinatário e saudação). A segunda o corpus, ou seja, o conteúdo da carta. E terceira o postcriptum, a conclusão e saudações finais da carta. Nestas cartas incluíam-se tecnícas literárias, como a diatribe, síncrise, midrash e gezerah shawah. No âmbito de figuras de linguagem encontram-se, anáforas, hipérboles, metáforas, metonímias, oxímoro e prosopopeia. O método Histórico Cristo pode analisar que estes textos Paulinos passaram por desenvolvimentos revisionais, ao longo da produção e transmissão, os estudos recentes valorizam cada vez mais o papel dos secretários na transmissão do conteúdo paulino. 

O corpo paulino nas Escrituras é comum divídio por espístolas protocanonicas as quais a autoria de São Paulo é incontestável, sendo estas: Rm, 1-2 Cor, Gal, Fl, 1 Ts, Fm. As deuterôcanicas, as quais há certa discusão a respeito da autoria Paulina: Ef, Cl, 2 Ts. E cartas as cartas pastorais, muitas vezes atribuídas a uma pseudografia: 1-2 Tm e Tt. Ainda a misteriosa carta aos hebreus, que embora esteja no corpo paulino, a exegese atual rejeita a ideia de que Paulo seja seu autor. Este artigo pretende oferecer um panorama geral destas cartas através da tabela em anexo, na qual é possível encontrar um resumo dos principais dados de contextualização das Cartas Paulinas.

Destas pode-se pontuar quatro que são chaves de leitura para compreender o pensamento Paulino: Rm, Gl, 1-2 Cor. O fio condutor de seu pensamento é  a vida da fé no mistério de Cristo que manifesta no homem a graça dajustificação. Justificado pelo batismo todo homem deve percorrer uma vida de perfeita caridade em Jesus Cristo. O corpus paulinum é o reflexo da experiência de fé e μετάνοια experimentado pelo Apóstolo dos Gentios. 

Anexo:

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